Pessoas que não existem

_____É difícil entender (e aceitar) que às vezes colocamos pessoas em pedestais, nos iludindo e acreditando em coisas que elas não são. Depois, quando vem a decepção e a frustração, culpamos essa pessoa por nos ter feito acreditar em algo que nunca foi verdade. Mas, ela não teve culpa. Na verdade, a culpa é só nossa, pois depositamos todas as nossas fichas em alguma coisa ou em alguém, sem ter a certeza de que aquilo é mesmo verdade. É como investir em ações: você sempre corre o risco de ganhar ou perder. É sempre algo arriscado onde você tem que depositar tudo o que tem correndo o risco de não ter mais nada no segundo seguinte.

_____Antes que alguém me pergunte, não. Eu não sofri nenhuma decepção (essa semana). É só que às vezes, vejo pessoas sofrendo nessa situação, e logo penso: nossa, eu faço igual, e parece tão ridículo! Claro que eu já sofri muito colocando alguns como 'deuses' ou 'coisas mais importantes da minha vida'. Mas, hoje, evito ao máximo fazer isso, até porque já entendi que não é bem assim que funciona. E a cada dia que passa, vejo que preciso emocionalmente, depender cada vez menos das pessoas... enfim, só um desabafo que pode (ou não) acrescentar algo ao seu dia.

Pré-aniversário + Revolução estomacal
_____É. Faltam 11 dias para o meu aniversário. Não sei, mas parece que todo ano, na semana que antecede a data, eu sempre fico mais chata, crítica, (in)sensível, insatisfeita, crítica, perfeccionista, intensa e ansiosa. Tudo isso junta num grande BOOM junto com o stress de fim de ano, provas finais, e pra completar, esse ano tem o vestibular. Juntando com a gastrite que a Renata disse que pode ser uma bactéria, tá tudo um grande BOOM mesmo, mas no meu estômago. Ai ai.

Uma história pra contar

_____Essa semana, presenciei um fato que fez com que eu desse bastante... risada. Quer dizer, é um fato pra lá de bizarro. Mas não vou citar nomes.
_____Um homem (com mais de 50 anos, diga-se de passagem) está fazendo um tratamento médico em uma clínica. Ele é estrangeiro, e tem pouco domínio da língua, mas já sabe falar 'oi', 'tchau', 'sim', 'não', 'por favor', e outras coisas mais. Mas na verdade, o que ele mais faz é mímica, pra tentar mostrar para as pessoas o que ele quer.

_____Eis que sua esposa soberba chega em casa, e fala na mesa: 'Hoje, irei com meu marido até a clínica. Descobri que as pessoas de lá tem tratado ele muito mal...' - o silêncio toma conta do ambiente.

_____- Ele está sendo maltratado? - indaga uma senhora presente na sala.

_____- Sim, - responde a esposa - descobri que deixam ele numa sala escura durante o tratamento e ele não gosta de escuro. Por isso, vou escrever um bilhete para a chefia da clínica para determinar como eu quero que ele seja tratado...

_____Desculpa! Não pude evitar o riso. Quer dizer, um baita homenzarrão não pode falar pra alguém da clínica acender a luz? E, ele tem medo de escuro? Depois, a louca lá em casa sou eu.

Eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante...

_____"Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"...
Descobri (antes tarde do que nunca) que não existe coisa mais bonita no ser humano do que o impulso de transformação diária. Essa forma 'camaleônica' de ser. E é isso que eu quero pra minha vida. Quero ser de tudo um pouco. Quero fazer teatro, tocar violão, escrever, tirar fotos, design, tudo o que envolver arte de alguma forma. Afinal, arte é vida. Tudo um dia vira pó, mas a arte não. Arte é eterna. Quero fazer o que eu gosto. E eu gosto disso. E pronto.

Versão da Renata para o meu futuro

_____"Me preocupo, na verdade, com Maynara, que não acorda por nada. Não é preciso confirmar seu despertar, uma vez que sempre a encontro na sacada tocando violão pela manhã. Assim como sei que já é cedo pelos pássaros que não hesitam em cantar na minha janela sei também que o sol nasceu ao ouvir o dedilhar de Minnie. Mas resolvo deixar esta em paz por mais alguns minutos. Luciana chega para fazermos o ioga matinal que fazemos há anos, com a roupa de ginástica na bolsa de grife, desligando o celular. Pergunta sobre Minnie – afinal, deixou-a em casa hoje de madrugada, onde fez falta pelos três dias que esteve fora. Esta nunca gostou de exercitar-se conosco, mas sempre nos assistia, rindo de nosso desequilíbrio involuntário.
_____Resolvemos subir e ver como esta está. No caminho, trombo com Thiago com sua xícara de café, onde está escrito: “Se gosta de falar, aprenda a escrever.” Logo penso que não é a primeira do dia – e está longe de ser a última. Este decide vir conosco para ver como Minnie está. ‘Ela não disse nada’ – diz ele – ‘chegou e simplesmente capotou. Não me parecia bem.’

_____Deixei tantas mensagens na caixa postal de seu celular que devo ter ganho algum tipo de prêmio da operadora por usar o serviço tantas vezes seguidas, mas não quis atender. Pensei que estaria no local onde estava expondo suas obras, segura. Mas logo fiquei sabendo que um garçom ligou para a Lucy pedindo para buscá-la. Faço a nota mental de que tenho que lembrar de recompensá-lo.

_____Abrimos a posta do quarto – livros por todos os lados, a parede encoberta de pôsteres. Minnie está em sua cama, ainda com as roupas de ontem; quando abre os olhos e arrisca um “bom dia”. Diz que não faz idéia do que estava fazendo no bar naqueles dias e de que nada vale sua vida de artista. Diz também que vai desistir e exercer a profissão a qual fez faculdade – direito. ‘Por mais que eu odeie, não me faria tão mal quanto tudo isso.’ – fala baixinho, coletando seus rascunhos amassados do chão e colocando-os na lata de lixo. Nós três não falamos nada sobre isso. Só esperamos esta mudar de idéia. Mas não muda. Começa a colocar suas obras num saco plástico preto. Convence-nos que é o primeiro passo, e ninguém ousa contrariá-la. Lucy convence-a a “pelo menos tomar um banho pra relaxar” e esta vai. Minnie no banho. O seu celular toca. Os três se entreolham – quem atende? Logo peço o celular em mãos e digo:

- Alô?

- Alô, Maynara Fanucci? - uma voz feminina pergunta.

- Não, aqui é a irmã dela. Ela não pode atender agora, quer deixar recado? - respondo.

- Aqui é a Lia, assistente dela. Então acho que ligarei mais tarde. - ouço um silêncio. - Quer dizer, vou falar agora mesmo. Ontem as obras da Sra. Fanucci foram avaliadas em milhões por um colecionador que está esperando a autorização da mesma para a venda de todo o acervo. Além disso, a imprensa esteve na exposição e gostariam muito se ela pudesse participar de algumas entrevistas. Ah, e a Vogue quer fazer uma edição especial com as lingeries inspiradas em frutas tropicais.

- Nossa! Tá certo, tem mais alguma coisa? – fico estupefata. Afinal, Minnie acabou de desistir do ramo por achar que é pouco recompensada.

- Na verdade sim. E muito mais. Querem que ela apresente um programa de entrevistas na BBC, também que faça uma sessão de fotos para alguns anúncios da L’Oreal, além de passar na Mattel para que considere desenhar uma linha de roupas para a nova coleção, “Barbie in Summerland”. Ah, e logo ia me esquecendo. Um tal de Felipe ligou, perguntando dela, mas nem anotei o número. Então é só isso. Se puder avisá-la seria ótimo! Um abraço."

PS: Obrigada Rê, por me fazer sentir melhor. :)